quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MARGEM DE ÓTICA - Uma reflexão sobre a licença civil de uso de armas de fogo.



Sempre me deparo com amigos que defendem com unhas e dentes o armamento do "cidadão de bem" - coloco entre aspas por que até esse conceito de "cidadão de bem" tende ser de um cunho moral que muitas vezes tem um lado político, mas isso já é outra história. Assim, como por aqui tem uma maioria que gosta de chutar o barraco antes de qualquer dialogo e passar para as ofensas, deixarei clara a minha posição de cético com relação à política armamentista, não contra, nem a favor, mas com a dúvida de que seja uma solução para a violência. Além de quê eu sou a favor do direito que o cidadão tenha uma arma em casa se assim bem entender tal como é atualmente mas carregar armas na rua é bem diferente.

Minha reflexão vem a partir de uma série de fatores, uma dela é o crescimento vertiginoso de homicídios passionais via arma de fogo, que, aliás, para quem mora em Salvador não é nenhuma novidade... A maioria já ouviu uma história ou uma notícia de jornal tempos em tempos aparece trazendo um fato do gênero com retratos como brigas de trânsito, brigas de bar, relacionamentos e etc. O numero de usuários de armas de fogo em torno de 15 milhões e estipula-se que 8 milhões não estejam regularizados... O uso regularizado ou irregular não define o uso para os crimes de homicídios, mas com certeza evidencia a incapacidade de fiscalização. 

Outro fator que me põe cético com relação ao uso de arma de fogo é a leviandade com a morte. Como se usar ou não usar dinstinguisse a linha entre a salvação e a danação, ninguém lembra que primeiro é necessário saber usar a arma e ter a consciência além do suporte psicológico de que alguém pode perder a vida, inclusive você em uma reação a assalto há a possibilidade de que se pode errar o tiro e esse tiro atingir a pessoa errada. Um tiro não é só um tiro, a prova disso é que muitas vezes a polícia, que deveriam ser os profissionais aptos em relação a isso comete erros grotescos, vide os tiros de borracha atingindo rostos de jornalistas e mortes de inocentes em outros casos. Levando estes pontos em conta, não sei se eu teria uma arma de fogo, mas com certeza se outros usassem eu pensaria bem em investir em transporte blindado, colete balístico e etc... 

Por fim, conheço poucos episódios nos quais os civis saíram por cima no uso de armas de fogo para reagir a assaltos, primeiro por que sempre está envolvido o fator surpresa, poucos se arriscam a cometer essa espécie de crimes por volta de lugares movimentados, geralmente em lugares vazios e com o menor numero possível de presentes e quanto mais camuflado melhor e nesse caso, como acabamos sendo revistados, pode não ser tão bom ter uma arma de fogo... Mas estamos tão sedentos por sangue e justiça que garganteamos que a sua prática deve ser feita com as próprias mãos. Matemos nossos inimigos! Vestiremos a camisa com a caveira do Justiceiro e faremos das ruas a nossa imagem e semelhança, ou ela já o faz sem sairmos de casa? Estamos suando balas e o conceito de justiça está definhando e caindo na barbárie.

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