Breve consideração à margem do ano assassino de 1973
Que ano mais sem critério
Esse de setenta e três…
Levou para o cemitério
Três Pablos de uma só vez.
Três Pablões, não três pablinhos
No tempo como no espaço
Pablos de muitos caminhos:
Neruda, Casals, Picasso.
Esse de setenta e três…
Levou para o cemitério
Três Pablos de uma só vez.
Três Pablões, não três pablinhos
No tempo como no espaço
Pablos de muitos caminhos:
Neruda, Casals, Picasso.
Três Pablos que se empenharam
Contra o fascismo espanhol
Três Pablos que muito amaram
Três Pablos cheios de Sol.
Um trio de imensos Pablos
Em gênio e demonstração
Feita de engenho, trabalho
Pincel, arco e escrita à mão.
Contra o fascismo espanhol
Três Pablos que muito amaram
Três Pablos cheios de Sol.
Um trio de imensos Pablos
Em gênio e demonstração
Feita de engenho, trabalho
Pincel, arco e escrita à mão.
Três publicíssimos Pablos
Picasso, Casals, Neruda
Três Pablos de muita agenda
Três Pablos de muita ajuda.
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu.
Ôh ano triste e sem sorte:
– Vá pra puta que o pariu!
Quando Vinícius de Moraes escreveu seu lamento pela morte de Neruda e dos não menos importantes "Pablos" (Casals e Picasso), sua alma ficou órfã também. Hoje, somos 100 vezes mais órfãos, pois além de não temos o ronco adocicado do Violoncelo de Casals, a pincelada agressiva e atraente de Picasso, nem a tátil carícia da poesia de Neruda, Vinícius nos deixou na ilusão de um Brasil onírico, sensual, cheiroso, poético e exótico, livre da selvageria do mercado consumidor, no qual você poderia tomar uma cerveja e ter direito ao horizonte, sem que as empreiteiras tomassem as orlas para construir os seus hotéis, residenciais que jamais os nativos apreciarão, apagando a identidade local com mais uma safra de produtos "mira my friend". Não sou amigo desses, desculpe.
Fico com suave batucar de Vinícius na mesa ouvindo o violão de Caymmi e paquerando Iemanjá do outro lado do mar.
Devolvam meu horizonte!
Picasso, Casals, Neruda
Três Pablos de muita agenda
Três Pablos de muita ajuda.
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu.
Ôh ano triste e sem sorte:
– Vá pra puta que o pariu!
Quando Vinícius de Moraes escreveu seu lamento pela morte de Neruda e dos não menos importantes "Pablos" (Casals e Picasso), sua alma ficou órfã também. Hoje, somos 100 vezes mais órfãos, pois além de não temos o ronco adocicado do Violoncelo de Casals, a pincelada agressiva e atraente de Picasso, nem a tátil carícia da poesia de Neruda, Vinícius nos deixou na ilusão de um Brasil onírico, sensual, cheiroso, poético e exótico, livre da selvageria do mercado consumidor, no qual você poderia tomar uma cerveja e ter direito ao horizonte, sem que as empreiteiras tomassem as orlas para construir os seus hotéis, residenciais que jamais os nativos apreciarão, apagando a identidade local com mais uma safra de produtos "mira my friend". Não sou amigo desses, desculpe.
Fico com suave batucar de Vinícius na mesa ouvindo o violão de Caymmi e paquerando Iemanjá do outro lado do mar.
Devolvam meu horizonte!
Vinicius de Moraes Arte: Rodolfo Carvalho |
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